Existe a ilusão de que estamos todos conectados, ou que ao menos estivemos quando a pandemia esteve no seu auge. É uma falsa sensação, a realidade provou e reforçou a consciência da disparidade da desigualdade que não extingue-se somente na literacia digital mas prolifera em dados assustadores, quando a questão é o acesso a ferramentas e tecnologia digital.
Um impacto sentido em todas as áreas, a educação por exemplo, em muitas geografias ficou comprometida com o aprofundamento dessa fragilidade, visível também na nossa nação, desde o básico ao universitário. No global estima-se que 1,2 bilhão de alunos não tiveram acesso a internet, um vazio que quando não criou dificuldade, expôs a exclusão total que inibiu as pessoas de terem as mesmas oportunidades digitais.
A educação de uma geração ficou comprometida, continuamos a reinventar-nos para erguer o capital humano que deve estar no centro da transformação digital de qualquer sociedade, assim como sabemos que o impacto das tecnologias emergentes avaliará as escolhas dos nossos líderes de hoje, na promoção da economia digital e sua contribuição para o PIB.
A transformação digital do país é urgente, as empresas devem seguir o ritmo, e quiçá serem impulsionadores deste movimento que precisa emergir, para além da governação eletrónica. Precisamos promover uma rápida adaptação, embora com o conhecimento prévio em muitos sectores seguirá um passo mais lento no entanto é exequível, até 2025 as gerações Y, Z e Alpha serão 62% do mercado mundial.
A União Africana assume a urgência e destaca “a necessidade de África fazer do desenvolvimento socioeconómico digital uma prioridade elevada” para estimular o crescimento económico inclusivo e sustentável, a digitalização tornará o processo dinâmico, célere e transparente e menos oneroso. São Tomé e Príncipe deve assumir como prioridade dar esse salto qualitativo.
Precisamos de um São Tomé e Príncipe digital, inovador, coeso e sustentável, acima de tudo global, perante uma África que assumiu avançar sem barreiras, criando comércio livre à escala continental.
O país tem dados passos da qual me orgulho enquanto cidadão nacional, como o processo de informatização de registro civil e notariado, bem como o contributo exposto para uma estratégia nacional para governação digital em São Tomé e Príncipe.
No entanto, a morosidade na implementação de ações práticas é inquietante, quando lidamos com um processo dinâmico, transversal que exige de nós aprendizagem colaborativa permanente e contínua.
Alguns jovens santomense têm participado dessa revolução digital silenciosa no país, como o criação de rádio online que é consumido via Web (Rádio Somos Todos Primos), desenvolvimento de comércios eletrônicos, plataformas de e-commerce como por exemplo Sokeru e STP Vendas , Yale que apresentam inclusive a moeda local nos seus produtos, e outras iniciativas que acredito que vão desabrochar nos próximos tempos, como o dobra digital.
Em 2013 eu questionava em um fórum, “Quanto representava a economia digital no PIB de São Tomé e Príncipe?”, em 2015 o cidadão Karlley Frota questionava no mesmo Fórum “Qual é a expectativa da economia digital para as empresas em São Tomé e Príncipe” entre outras questões pertinentes que é preciso continuar a ecoar, mas acima de tudo ter respostas, propostas e iniciativas que devem ser auxiliados verdadeiramente, e não simplesmente em discursos vazios e bonitos.
O novo contexto dominado pelo digital, deve fazer-nos fincar as nossas prioridades, estratégias, investir em infraestrutura, mecanismos e competências para criação de valor adaptado aos novos tempos, em todos os setores. Precisamos que a economia digital possa “catapultar” o nosso país para outros tipos de diálogos, negócios, aprendizagens e oportunidades. Acima de tudo, ser útil a cada cidadão do país e tornar-nos competitivos.